Empatia: um fundamento necessário à relação Professor-aluno no ambiente virtual de aprendizagem

Bruno Mello Souza 

Pâmela Laurentina Sampaio Reis 

Rebeca Hennemann 

Roberto Rocha 

 

A empatia é um processo de extrema importância na convivência humana de modo geral. Ela ajuda cada um a sair de sua individualização e a ter uma proximidade em relação ao outro. Empatia é, afinal, colocar-se no lugar do outro, compreender o outro, entender suas dores, dificuldades, anseios e angústias. A empatia é de fundamental importância no processo de interação humana e, de modo específico, na relação professor-aluno. Em um cenário de aprendizagem virtual, urge que sejamos mais empáticos. Trata-se de uma via de mão dupla.    

 Pelo lado do aluno, é necessária a compreensão acerca da novidade que o momento representa para muitos, quando não para todos. O professor está encontrando gigantescos desafios à sua frente, na geração do conhecimento, na partilha deste conhecimento nas plataformas digitais, e no incentivo à co-criação de conteúdo. Isso exige engajamento por parte dos discentes. A empatia também envolve humanizar o professor, compreendendo suas limitações, sua subjetividade e sua existência para além da sala de aula.  

Um dos aspectos diretamente relacionados a isso é a privacidade. A expectativa de resposta imediata colocada pelas TDICs, especialmente pelos mensageiros instantâneos, pode levar à falsa impressão de que o professor deve estar disponível integralmente à atividade docente e às demandas discentes. O desenvolvimento da empatia envolve também garantir o outro o direito à vida privada, ao tempo livre, ao ócio, especialmente quando o trabalho invade as residências.  

Da parte do professor, a empatia também é elemento de primeira necessidade. Há de se compreender que, abaixo da superfície em forma de número de matrícula, nome, sobrenome e nota, há um ser humano cheio de camadas, com personalidades próprias, ansiedades, anseios, sonhos, relações interpessoais, potencialidades e fragilidades. Não bastando isso, existem ainda as profundas desigualdades sociais, que ganham contornos mais claros em momentos como este, em que diferenças de acesso, de qualidade de conexão, de possibilidades concretas de aprendizado do uso das ferramentas podem repercutir nos desempenhos e resultados. 

O grande desafio, portanto, é a criação de um ambiente estimulante para todo, no qual as  distintas ferramentas possam ser utilizadas justamente de modo a permitir que as diferentes capacidades de discentes e docentes sejam exploradas. Partilha, criação conjunta, solidariedade, respeito, integração: tudo isso termina por depender, em última análise, da empatia, que pode propiciar a transformação de barreiras em pontes, em conexão, enriquecendo todas as partes.  

Comentários

  1. Depois que produzimos o texto, eu fiquei me questionando sobre quantos condicionantes sociológicos podem atravessar a produção da empatia - e se isso seria mesmo empatia, ao final, se fosse produzida apenas entre os iguais.

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    1. Verdade, é um bom ponto. Empatia presume diferença.

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    2. Descobri um livro do sociólogo italiano Franco Ferrarotti sobre empatia. Se L’empatia creatrice: potere, autorità e formazione umana. Eu achei algumas resenhas da obra e pelo que entendi a ideia é compreender a empatia criativa como inerente ao processo de produção intersubjetiva da pesquisa qualitativa em Ciências Sociais. Em uma das resenhas, a autora fala que " defende a necessidade de deixar emergir os problemas através das histórias de vida, aprendendo a escutar e permitindo o tempo necessário para compreender o movimento desigual entre o histórico e o vivido". Podemos pensar nisto também para as relações professor(a)-aluno(a). A escuta teria assim um papel fundamental como mediadora no processo empático. O que acham disso?

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    3. Concordo. Não há uma relação empática sem o processo de ouvir o outro e compreender seus processos - internos e externos. Ótima indicação!

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  2. Uma reflexão interessante e instigante, porque a empatia, também acontece entre iguais, já que o outro, será sempre o diferente de mim, mesmo que tenha pontos de similitude, mas sempre somos um Eu (Subjetividade/ Sujeito Social/ Ser Humano na sua totalidade) e um Outro, enquanto o diferente com pontos de semelhança ou o diferente, diferente, propiciador de um encontro com a Alteridade. O que me lembra um artigo da Sandra Jovchelovitch contido no livro Representando a Alteridade de Angela Arruda, cuja resenha está disponível no link do Scielo: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X1999000200012, ou ainda o artigo intitulado: Revisão de aspectos conceituais, teóricos e metodológicos da empatia de Sampaio, Camino e Roazzi, disponível no site: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932009000200002. Enfim, uma reflexão maravilhosa que pode gerar outros artigos a serem publicados. De já digo que a nossa Revista Clóvis Moura de Humanidades ficará feliz em receber artigos com estas discussões, em especial hoje, que se fala tanto em intolerância, um pouco de empatia através das palavras é um abraço apertado de afeto e respeito. Parabéns pelo trabalho de vocês.

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    1. Ótimas indicações! Quem sabe não nos aventuramos?

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    2. Espero que se aventurem nesta escrita colaborativa sobre Empatia e acrescente, essas e outras reflexões, bem como incluam as referências apresentadas e vejam as diretrizes para autores da nossa Revista Clóvis Moura de Humanidades e submetam para avaliação e posterior publicação. Será um enorme prazer. No cadastro se coloquem como autor(a) e avaliador(a), certo? Sejam bem vindos a Revista. Confiram as Diretrizes para autores certo?https://revistacm.uespi.br/revista/index.php/revistaccmuespi/about/submissions#authorGuidelines

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  3. Muito importante a relação de empatia e afetividade existente entre professor e aluno. Somente pode acontecer aprendizagem se houver esses pressupostos - especialmente no ensino médio!

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  4. A empatia é um tema fundamental para ser debatido dentro e fora da sala de aula. Temos que envolver toda a comunidade escolar. Somente com o envolvimento da sociedade podemos possibilitar discussões sobre o tema.

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  5. Acredito que a empatia seja fundamental entre aluno e professor, mas algo que se faz necessário quebrar seria o paradigma do "Ego" que existe em alguns professores gerando o distanciamento entre a relação entre alunos e outros colegas. A partir do momento em que o processo de empatia é criado e alimentado, a questão do ego do conhecimento e da detenção do mesmo se torna enfraquecido e a relação professor - aluno ganha cada vez mais espaço consolidando a relação e a troca de experiencias em prol da educação..

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